[ Coração Habitado ]

Aqui estão as mãos.
São os mais belos sinais da terra.
Os anjos nascem aqui:
frescos, matinais, quase de orvalho,
de coração alegre e povoado.

Ponho nelas a minha boca,
respiro o sangue, o seu rumor branco,
aqueço-as por dentro, abandonadas
nas minhas, as pequenas mãos do mundo.

Alguns pensam
que são as mãos de deus,
- eu sei que são as mãos de um homem,
trémulas barcaças onde a água,
a tristeza e as quatro estações
penetram, indiferentemente.

Não lhes toquem: são amor e bondade.
Mais ainda: cheiram a madressilva.
São o primeiro homem, a primeira mulher.
E amanhece.

in Até Amanhã
de Eugénio de Andrade


22.11.08

Douro, Faina ...











Anikibébé. Anikibóbó. Passarinho. Tótó.
Berimbau. Cavaquinho. Salomão. Sacristão.
Tu és polícia. Tu és ladrão.










...
"Gosto do Aniki-Bóbó, que não é um filme para se ver de uma só vez. É preciso ter uma grande maturidade...Ele foi precoce no cinema mundial com esse filme...". 

Agustina Bessa-Luís, in jornal Público, 98-12-11

Aniki-Bóbó é um dos filmes mais perfeitos de Manoel de Oliveira. Um dos mais inquietantes porque é orgulhoso da sua candura. Compreende-se que pela vida fora, uma longa vida de cineasta o espera, haverá sempre aquele juramento, aquele velar de armas que é a criança constante e séria na sua descoberta do mundo, do amor, do desencanto e na reinvenção da sede que é a vida". 
Agustina Bessa Luís, O Arcanjo Gabriel, 
Catálogo do Festival de Turim · 2000

20.11.08

Guerra & Paz



















                             Porto | Lisboa

António Eça de Queirós | António Costa Santos

13.11.08

101









Nós não somos do século de inventar as palavras. As palavras já foram inventadas. Nós somos de século de inventar outra vez as palavras que já foram inventadas.

José de Almada Negreiros

Quem não lê, não quer saber, quem não quer saber, quer errar.

Padre antónio Vieira
...

O Fabuloso
















"O meu maior desgosto, é um desgosto em relação ao fado, foi gravar discos, os discos vieram industrializar o fado, o fado não se deve vender, eu canto porque a minha alma o ordena, canto como se rezasse. Não gosto de cantar para máquinas. Quero ver o público, analisar as suas reacções, ver se estão a gostar".

9.11.08

Eugénio de Andrade | Coração Habitado













VELHA MÚSICA
Corriam pelas ruas, era frequente um grito subir no céu, parecia então um milhafre a pairar, depois apagava-se, quase triste. Corriam ao encontro do vento, ficavam com febre de tanto o perseguirem ou dobrarem pela cintura. Apenas com as derradeiras luzes entram em casa, deitam então a cabeça no regaço das mães, fulminados pelo sono. Até a manhã entrar, não se sabe bem por onde, elas não despregam os olhos daquelas pálpebras pesadas. Só então os confiam à luz.

6.11.08

Pepe | Jato














Basicamente a história da PEPE inicia-se em 1928 quando José Augusto Júnior começa por fabricar brinquedos em folha e madeira. Em 1930 cria uma nova fábrica cabendo-lhe o mérito de ter sido o primeiro a fabricar um brinquedo com corda de fita em Portugal.
Descendendo directamente da antiga oficina de José Augusto Júnior, a Industrial de Quinquilharias de Ermesinde, afirmou-se desde a sua fundação em 1946 e até pouco depois do 25 de Abril de 1974, como a maior produtora industrial de brinquedos em Portugal. Só para terem uma ideia na década de 50 cerca de 80 artífices já fabricavam em serie mais de uma centena de brinquedos.

Em 1955, já sob a marca JATO, inicia-se o fabrico de brinquedos em plástico e folha em novas instalações. Nos anos 70, já sob a direcção dos filhos de José Augusto Júnior, a marca passa a denominar-se PEPE (Penela e Penela). Em 1977 a PEPE passa a dedicar-se exclusivamente ao plástico.

José Augusto Júnior, um dos pioneiros e um dos mais geniais produtores de brinquedo em folha português, morre em 1984.
As actuais normas de segurança impediram que estes brinquedos continuassem a ser comercializados, tendo a sua produção sido descontinuada, sendo hoje objectos de colecção.

5.11.08

Azulejo















A Ratton Cerâmicas instalou-se nas cavalariças do Palácio Marquês de Pombal e iniciou em 1987 um projecto no âmbito da produção cerâmica. O desafio foi o azulejo, que na produção industrial se viu limitado às "cópias do antigo" ou degradado para níveis cada vez mais afastados das suas origens. A aposta consiste, assim, na revalorização do azulejo: da sua linguagem e do seu emprego. A este sedutor processo, juntam-se personalidades das diferentes áreas da criação artística - pintura, escultura, desenho, arquitectura, literatura...
Entre outros, Paula Rego, Lourdes Castro, Júlio Pomar, Menez, Bartolomeu dos Santos, Costa Pinheiro, Sara Maia, Jorge Martins, Graça Morais, Pedro Proença, Álvaro Siza, João Vieira, Maria José Oliveira, participam da mesma paixão - o Azulejo.

1.11.08

Júlia Ramalho | Barcelos

















Júlia Ramalho, barrista portuguesa nascida em São Martinho de Galegos-Barcelos a 3 de Maio de 1946. Neta de Rosa Ramalho, discípula desde muito nova, herdou da avó o gosto pela olaria e o talento criativo.
Medusas, bacos, diabos trovadores, figuras fantásticas, o Padre Inácio e Os sete pecados mortais, o ouriço ....

Tabacaria

















Álvaro de Campos nasceu em Tavira no dia 15 de Outubro de 1890 à 1.30 da tarde. 
Teve “uma educação vulgar de liceu; depois foi mandado para a Escócia estudar engenharia, primeiro mecânica e depois naval. Numas férias fez a viagem ao Oriente de onde resultou o Opiário. Ensinou-lhe Latim um tio beirão que era padre.”
De tipo vagamente judeu português, com a pele entre branca e morena, cabelo liso e normalmente apartado ao lado, usa monóculo.

Grupo Novo Rock
















O primeiro Long Play dos GNR, "Independança" é editado em 1982.
O disco foi um êxito em termos de crítica e um fracasso comercial...
Agente Único, O Slow Que Veio Do Frio, Dupont & Dupont, Hard Core, The Light, Bar Da Morgue, Independança e... Avarias.

Avianense

















Fundada em 1914, a Avianense é a mais antiga Fábrica de Chocolates em Portugal

"As receitas, um verdadeiro património d'Avianense, são as mesmas, mas acho que conseguimos melhorar a qualidade do produto final", afirma o empresário Luciano Costa , que diz ainda recorrer às mesmas máquinas que laboravam na antiga fábrica, com cerca de 70 anos, tantos como o Imperador, que agora surge com novo fôlego. E por falar em receitas, a de degustação do Imperador é dada pelo próprio: "deve-se meter o bombom todo na boca e deixar que derreta durante alguns segundos, para, depois, se trincar a amêndoa no interior".