Minho
É provável que a origem dos "lenços dos namorados" ou "lenços de pedidos" esteja nos lenços senhoris do sec. XVII - XVIII, adaptados depois pelas mulheres do povo, dando-lhe consequentemente um aspecto característico.
Antes de tudo, eles faziam parte integrante do traje feminino e tinham uma função fundamentalmente decorativa. Eram lenços geralmente quadrados, de linho ou algodão, bordados segundo o gosto da bordadeira.
Mas não é enquanto parte integrante do traje feminino que nos interessa , mas a sua outra função, não menos importante, e da qual vem o nome: a conquista do namorado.
A moça quando estava próxima da idade de casar confeccionava o seu lenço bordado a partir dum pano de linho fino que porventura possuía ou dum lenço de algodão que adquiria na feira, dos chamados lenços da tropa.
Para realizar esta obra, a rapariga utilizava os conhecimentos que possuía sobre o ponto de cruz, adquiridos na infância, aquando da confecção do seu marcador ou mapa.
Depois de bordado o lenço ia ter às mãos do "namorado" ou "conversado" e era em conformidade com a atitude deste de usar publicamente ou não, que se decidia o início duma ligação amorosa.
Os lenços carregam consigo, por isso, os sentimentos amorosos duma rapariga em idade de casar, revelados através de variados símbolos amorosos como a fidelidade, a dedicação, a amizade, etc.Estes lenços eram originariamente em ponto de cruz, e por ser um ponto trabalhoso obrigava a bordadeira a passar, durante muitas semanas e mesmo durante meses os serões na sua confecção.
Como a escassez de tempo passou a ser um facto na vida moderna, a mulher deixou de ter tanto tempo para a confecção destes lenços, o ritmo de vida tornou-se mais intenso e a mulher teve que solucionar este problema adoptando no bordado outros pontos mais fáceis de bordar.
Com esta alteração outras se impuseram no trabalho decorativo dos lenços dos namorados: o vermelho e o preto inicial vai dar origem a uma grande quantidade de outras cores, e com elas novos motivos decorativos se impuseram. Os lenços não deixaram porém de ser ainda mais expressivos, acompanhados muitas vezes de quadras de gosto popular dedicados àquele a quem era dirigida tão grande fantasia: O Amado.